quarta-feira, 4 de julho de 2012

Carta a Flora

Florinha, minha florzinha, minha pequena,
Como esses oito meses foram longos... Tanta coisa aconteceu que se me dissessem que foram dois anos, eu continuaria achando pouco. Quando voce nasceu, ainda estavamos la na nossa casa de Brickell, sem moveis, as vesperas de mudarmos de pais, com o outono colorindo todas as folhas da avenida. Depois, fomos para Sao Paulo, primeiro na temporada do hotel, depois finalmente na casa nova. O verao passou por nos, sem que conseguissemos te levar para molhar os pezinhos no mar. Viemos para Londres, escolher nossa futura morada e chegamos no finzinho do inverno. Onde ja se viu isso, tres continentes com nao mais que quatro meses de vida?
Na semana que completou seis meses, nos mudamos mais uma vez, agora em definitivo por sabe-se la quanto tempo. A cidade nos recebeu com as flores da primavera. Pronto, era a estacao que faltava para completar o ciclo em seu recem cumprido meio ano de vida. A quarta casa em tao pouco tempo. As vezes, tenho a sensacao de que Deus te colocou em nossa vida para que esse sorriso banguela nos trouxesse a energia que a gente precisa para recomecar e recomecar, quantas vezes for preciso. Embora nada mais seja novidade, nunca um filho e igual ao outro e voce esta aqui para me provar de que o amor pode sempre ser maior. Quando o Bernardo era bebe, quando eu poderia imaginar que sentiria tudo aquilo em dobro? Pois e, o sentimento nao tem nome, tamanho e nem dimensão.
Quando voce for maiorzinha e puder ler essa cartinha, saiba que a sua listinha das fofuras que voce faz e enorme:
·         Adoro o jeitinho que voce bate os bracos e as perninhas quando me ve;
·         O sorriso enorme que voce abre nessa hora;
·         As batidas do seus pes na madeira quando esta brincando deitadinha no chao de cozinha;
·         O jeito que voce quer ver a tudo e a todos, mesmo quando esta concentrada mamando;
·         Seu pescocinho um pouco tortinho, com a cara desconfiada diante de qualquer barulhinho estranho;
·         Voce sentadinha em sua cadeira, na cozinha, em quanto estamos fazendo qualquer coisa;
·         E seus gritinhos animados quando alguem passa por perto e voce imagina que vao de tirar de la. Quando a gente nao te pega, e choro na certa;
·         O jeito que voce gargalha de qualquer coisa que o seu irmao faca;
·         Voces dois, de maos dadas, brincando;
·         Ve-los sentadinhos, assistindo TV, com o bracinho do Bernardo passando pelo seu ombro;
·         O jeitinho como voce se estica toda para alcancar algum brinquedo que a gente insiste em mandar para longe;
·         Encontrar voce sentadinha no berco, quando a gente vai te buscar depois da soneca;
·         Seu “rangido” quando estamos tentando faze-la dormir;
·         A parte mais gostosa do dia, para mim, e pelas manhas, quando te pego no berco e descemos para a sala. Voce deita no seu tapetinho no chao, escolhe um brinquedinho ou outro, enquanto eu preparo o cafe, o leite do Bernardo, checo emails;
·         A sua boquinha, aberta e curiosa, diante de qualquer coisa que a gente esta comendo;
·         O conforto de ve-los depois d ejantar, limpinhos, de pijamas, deitados na cama, nos minutos que antecedem a hora de dormir;
·         Seus pulinhos na banheira, quando te sento na agua, junto com o Bernardo;
·         Escolher uma roupinha bem linda e te vestir como uma boneca, seja para passearmos pela cidade ou para te colocar para dormir;
·         Ficar tentando adivinhar o que passa pela sua cabeca;
·         Resgatar um sentimento ambiguo que eu tinha, com o Bernardo bebe, de querer que voce cresca saudavel e feliz, mas tambem querer que voce seja minha bebezinha pra sempre;
Flora, minha filha, a sua chegada trouxe para a nossa vida a sensacao de casa cheia. Deixamos de ser dois, para virar tres e agora ja somos quatro. Me cobro diariamente de aproveita-los assim, pequenininhos, enquanto sao so meus. Um dia voces vao crescer e nao vou mais precisar coloca-los para dormir. Mas tambem nao vou mais desfrutar dos abracos apertados e beijos melados durante todo o dia. Ai, Flora, promete pra mamae que vai passar por cima da vergonha que certamente vai sentir das suas amigas e vai me ajudar a fazer essa transicao do jeito mais indolor, ta? Tudo em nome dos velhos tempos. Mamae te ama.

2 comentários:

  1. Dá até para amá-la um montão mesmo de longe apenas através do seu amor. Que filhos tão lindos os seus, Ju

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  2. Qué lindas palabras, Juli. Como mamá, me llegaron muy profundo.
    El blog es precioso. Y es que con esos nenes, tenía que serlo. Que Dios los bendiga siempre a los 4. Beijos. Luli.

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